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Dirk Nowitzki, o legado de um ídolo

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O legado de uma lenda vai além de seus títulos e prêmios. Idolatria de toda uma comunidade e amor à sua persona é algo que apenas anéis e MVPS não podem comprar. Isso é algo que Dirk Nowitzki sabe bem. Certamente existiram jogadores maiores e mais habilidosos que o alemão. Contudo, posso te garantir que não existiu um ídolo maior que Nowitzki.

Foram 21 temporadas em Dallas, nenhum outro jogador ficou tanto tempo por apenas um time na NBA – se contarmos todos os esportes americanos, apenas Carl Yastrzemski ficou mais tempo, com 22 temporadas pelo Red Sox. Muitas temporadas foram injustas a Dirk, seja não tendo um time à altura, seja com derrotas inesperadas. Rumores de uma eventual saída não faltaram. Mas nunca passaram de rumores. Em Dallas ele é uma divindade, com direito a estátua e nomeação de uma rua em sua homenagem. Decerto mais dez anéis de campeão não pagariam todo o amor que Dirk recebe da cidade que defendeu por duas décadas.

Agora, além de estar eternizado para sempre na história de Dallas, o alemão também será eternizado na história da liga. Sua seleção para o Hall da Fama não é nenhuma surpresa. Todos sabiam que iria acontecer assim que fosse possível. Indiscutivelmente, se hoje temos uma quantidade cada vez mais alta de europeus na liga, isso tem um pilar principal, um pilar alemão com 2,13 metros de altura.

De um espectro mais pessoal posso dizer que foi o homem que me fez amar os esportes para além do futebol. Foi o homem que me ensinou o que é ter um ídolo – e sinceramente, não me importa muito o que a lógica diga, para mim, ele é o maior de todos os tempos. Foram anos ligando a TV e imitando seu fadeaway na sala de casa, foram anos sonhando em jogar basquete como ele. Quando chegou sua temporada de aposentadoria, não perdi um único jogo que ele entrou em quadra, infelizmente ele ficou uma boa parte do ano machucado. Contudo, seus últimos jogos foram lembranças de um tempo que não poderia mais voltar, um tempo onde tudo era mais simples e a toda minha felicidade se resumia a um jogador de basquete

O dia de sua aposentadoria foi marcante de várias formas. Tecnicamente falando ele estava impecável, sua mecânica lembrava que se não fosse o peso da idade, ele poderia jogar para sempre. A cada cesta a arena vibrava como se fosse a conquista de outro anel. Os jogadores convergiam para colocar a bola em sua mão, todos queriam mais um arremesso do maior jogador da história do Dallas Mavericks. Contudo, o relógio insistia correr em direção ao fim, quanto mais próximo do final, mais o meu coração apertava e provavelmente de todos os que estava acompanhando o jogo também.

Lembro claramente de ter chorado aquela partida inteira. Contudo, me lembro não ser lágrimas de tristeza. Como o Gandalf diz ao final de Senhor dos Anéis “não vou pedir que não chorem, pois nem toda lágrima é um mal”. Cada lágrima derramada aquele dia era puramente de gratidão ao melhor ídolo que eu poderia ter tido nessa vida. Quando acabou, uma parte do meu amor pelo basquete acabou no mesmo dia. Desde a aposentadoria de Dirk Nowitzki não consigo mais acompanhar basquete como antes, os jogos são chatos, não consigo me alegrar sem aquele fadeaway – sem aquele sorriso, sem aquele carisma. No final das contas, descobri que era uma farsa, eu não amava o basquete, amava o Dirk Nowitzki.

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