Mulheres no esporte: eu quero que elas brilhem

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No auge dos meus 10 anos de idade, iniciei minha primeira experiência no esporte, em uma equipe de vôlei, embora pequena, era patrocinada pela prefeitura da minha cidade natal. Todas as meninas da equipe eram extremamente dedicadas, focadas integralmente nas competições estaduais.

Eu, iniciante no grupo, ficava maravilhada ao ver aquelas meninas horas e horas treinando, todos os dias da semana. Em meio a aquela nova aventura, decidi que era aquilo que queria fazer, era rotina que eu queria. Estar dentro de quadra, sentindo a adrenalina da competição, a gana de ter o melhor saque, conseguir fazer a melhor recepção, executar o melhor passe, fazia meu coração vibrar.

Meninas hoje, mulheres amanhã.
Meninas jogando basquete, quero ver mais disso.
Fonte: Shutterstock

Mas, todas as histórias, sejam elas felizes ou tristes, possuem páginas novas todos os dias. Certo dia, nossos treinos foram suspensos, pois a técnica se afastou para poder dar a luz a uma linda menina. Um homem foi contratado para cobrir sua licença-maternidade, o que trouxe muita instabilidade ao grupo, que aos poucos foi diminuindo até desaparecer.

O mais triste dessa história não foi apenas à extinção de um grupo talentoso de meninas, foi perceber que a maioria dessas meninas, nunca mais entraria em uma quadra novamente. Eu, apaixonada por esportes coletivos, ainda me arriscava nas aulas de educação física da escola, brincar de futebol, handebol e o meu amado vôlei. Chegando até a participar de algumas competições dentro e fora da escola.

Hoje, percebo que sempre me envolvi com o esporte, mas nunca houve o incentivo devido. Quantas vezes escutei “Não temos vagas para os times de voleibol!”, afinal meninas jogam vôlei e as vagas ficam cheias rapidamente. Porém, quantas vezes eu quis me dedicar ao futebol e não havia treinos para as meninas, quantas vezes eu quis jogar nas aulas, e era obrigada a me colocar ao lado dos meninos.

As futuras mulheres no esporte.
Jogar com meninos pode ser legal, mas com meninas é muito melhor.
Fonte: Pelado Real / Grazielle Franco

Nada contra eles, afinal tenho eterno carinho por todos que sempre me trataram com muito respeito e me analisavam pela minha qualidade de jogo e não pelo meu biótipo, mas o que incomodava era a massa feminina preferir ficar sentada ao invés de se misturar.

O engraçado de tudo isso é perceber que após tantos anos, ainda vemos histórias assim se repetindo, vemos os homens se reunirem para uma “pelada” ou jogar basquete nas quadras do bairro. Agora uma pergunta que te faço, quantas mulheres que você conhece, que se reúnem semanalmente para jogar futebol, ou mesmo praticar qualquer outro esporte coletivo?
Pausa dramática meu querido leitor.

Nesta data, que é um marco na luta pelos direitos de igualdade entre homens e mulheres, é triste perceber que as mulheres ainda precisam gritar para serem ouvidas, perceber que os maiores nomes femininos do nosso esporte iniciaram sua carreira esportiva aos doze ou quatorze anos, os meninos nessa idade já estão até contratados por ligas ou times importantes.

Você pode me dizer “Percebemos uma mudança nesse cenário”, até percebemos não nego, porém temos muito que crescer. Vamos permitir que as nossas meninas tenham sim, direito de escolha desde pequenas, jogar futebol se assim ela quiser, praticar artes marciais se assim ela desejar, ganhar de presente um patins ou mesmo um taco se assim ela pedir.

O que eu gostaria mesmo, é ver nossas meninas crescerem, na direção que lhes parecer mais brilhante.

O nosso futuro.
Nos incentivem a brilhar.
Fonte: Shutterstock

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