Dona Onça comenta: Brasil Tupis x All Blacks Maori

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Promessa é dívida queridos tailgaters! Sei que demorei e pode parecer fora de tempo, mas Dona Onça junto com o castelo da Cinderela, acabaram deixando esse colunista bem atarefado. “Não vai pegar isso aí não”, “Não entra nessa loja!”, “Por favor moça, solta essa xícara da Bela”, “Deixa o castiçal aí”, “Deixa o Olaf aí, por favor”, “Pra que uma tiara da Minnie?”.

É, posso ter parecido chato, mas Dona Onça pode ser pior que uma criança dentro de uma loja de princesas. Tenho que tomar cuidado até para não cair peças no chão. Enfim, vamos ao que interessa, a entrevista. Para quem ainda não conhece, com vocês, Dona Onça.

Dona Onça, o que você achou da partida?

Top!

Top? Resposta vaga demais, mas vamos seguir. Você já tinha assistido rugby antes?

Ué, não é vaga não! Top é top! Sim, eu já vi alguma coisa na TV e provavelmente com você bufando. Aliás, toda hora tá bufando, até parece que eu tenho culpa que escolhe uns times ruins pra torcer! Continuando, eu não conseguia manter o foco na TV enquanto estava passando, mas você, mesmo bufando, não perde a esperança em mim e me levou pra ver um ao vivo! Amei, agradecida. Beijo, me liga.

Mas você não desiste em deixar a minha imagem como a do velho rabugento mesmo ein? É na minha coluna no Sports da Massa, é no tailgate zone, mas tudo bem, o pessoal sabe que sou bacana, vamos seguir.

(Sussurro) Bacana, é porque não convivem com o velho rabugento.

Dona Onça! Eu ouvi!

Ouviu nada, manda a próxima pergunta aí vai.

É, vou mandar mesmo pois o pessoal quer saber da sua visão sobre o jogo. Agora ao vivo, conseguiu ficar atenta? Entendeu de forma clara ou sentiu alguma dificuldade com as regras?

Estou sempre atenta, eu era escoteira querido, esqueceu?

Não esqueci e quem faz as perguntas hoje sou eu, você e essa mania de responder perguntas com outras perguntas, vamos lá! Não perde o foco não.

Tô focada queridão. (Sussurro) Rabujento. Então, eu senti algumas dificuldades por não conhecer a fundo como funciona.

Certo, o que você ficou confusa? O que foi difícil entender?

A primeira coisa de todas, é que achei o jogo muito mais corporal do que técnico. Achei que depende muito mais dos carinhas serem fortes que de uma técnica apurada. Outra coisa, a endzone deles não é destacada, depois que eu não entendia quando começavam as jogadas, não tinha nenhum carinha no centro jogando a bola para um quarterback, depois eu vi uns bandeirinhas correndo pelo campo, igual no futebol da bola redonda. E olha isso que doido, não tinha pirulito! Aí eu não entendia quanto que eles tinham que avançar no campo. Sem contar que o tempo não parava e eu não conseguia nem parar pra dar uma olhadinha no meu celular! Ritmo frenético.

Nossa, quantas observações ein? Antes de tudo, existe técnica sim, em todo momento técnicas são exigidas, mas com relação a ser corporal, a linha ofensiva e a linha defensiva fazem um jogo tão corporal quanto eles e vc terá que concordar comigo Dona Onça. Continuando, realmente, não existe uma formação igual no futebol americano, as diferenças são muitas entre os jogos.

É verdade, já vimos um jogo de traz da endzone e é bruto mesmo. Quanto a existência de muitas diferenças, isso eu reparei, o passe por exemplo é só para trás, diferente do futebol americano, que você só joga pra trás caso já tenha feito algum lançamento pra frente.

Nossa! Agora mandou bem!

Eu sempre mando bem.

Tá certo então senhora mando bem, mas você sabe a história do rugby?

Bom, eu sei que o futebol americano veio do rugby, tá certo produção? Agora a história do rugby não sei não.

Ei, já entra aqui dominando? Que intimidade é essa com a produção? é isso mesmo, o futebol americano veio do rugby. Agora o rugby, a lenda ao redor do esporte é que um doido, lá no colégio de rugby, na Inglaterra, no meio de uma partida de futebol da bola redonda, pegou a bola, enfiou embaixo do braço e saiu correndo em direção a linha de fundo. Isso foi em 1823! Faz tempo não?

haha… Quer dizer então que o esporte surgiu de um doido que gritou “a bola é minha e acabou o jogo”?

Bom, não tem isso nos livros. Continuando, o esporte foi efetivamente reconhecido em 1863 e desde então foi crescendo na Europa e depois no mundo inteiro. Da Inglaterra para o País de Gales, depois Escócia, Irlanda, França e aí começou a viajar pelos mares e chegou em colônias Britânicas. Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos.

Aí nos Estados Unidos os americanos inventaram o futebol deles.

Isso, mas aí falamos disso em outra entrevista, quem sabe?

Aí sim, aí eu gostei. Sou especialista em futebol americano.

Ah claro, senhora mando bem especialista em futebol americano, continuemos com a entrevista. Como você viu, o jogo tem 40 minutos, só para o relógio para atendimento médico, não tem “jardas a serem conquistadas”, mas o objetivo é o mesmo, anotar mais pontos que o seu adversário. Também deve ter reparado que eram 11 contra 11, o que mais?

11 contra 11? eu achei que tinha mais gente lá, inclusive era uma outra diferença que eu tinha anotado. Aquele monte de homem com uniforme totalmente colado, uns até pareciam ter o corpo pintado. Achei que tinha muito mais gatos lá, ops, muito mais jogadores.

Ok, após os detalhes sórdido, o que mais você viu de diferente e quer uma explicação?

Não é sórdido! Os caras jogavam só com um uniforme! Não tinha equipamento nenhum, imagina a sua avó vendo isso? Ela já fica doidinha quando vê uns “pega pega” na rua, imagina ver essa galera jogando sem proteção!

Pertinente, mas é sórdido. alguns deles usam proteção sim, um “capacetinho”, proteção no joelho, mas o contato entre eles é diferente do futebol americano, por exemplo, você não vê um cara voando para dar um tackle no outro, os lances acontecem mais próximos, os jogadores se encontram mais.

É, isso eu reparei mesmo, eles ficam mais juntinhos. Aquela formação lá, o scrum, os caras ficam todos agarradinhos. Lembrou um pouco pega-pega até, enquanto todos estão enganchados, alguém vem, da uma batidinha nas costas com a bola, tipo sinalizando para onde vai jogar a bola, ou seja, até parece um: “tá com vocês!”.

Olha, você me surpreende!

O que surpreende a gente é aquela cobrança de lateral. Meu amigo, os caras tornaram o lateral do futebol a coisa mais plástica de todas! Até parecia uma formação para ajudar o amiguinho a ver o que está rolando no palco lá na frente. haha

É cada analogia. Enfim, a entrevista já está ficando longa, vamos para umas perguntas finais.

É meu jeito de ver ué. Viu, tenho mais duas considerações, posso?

Pode, mas seja breve.

Sim, serei. A juizada faz a revisão dos lances de forma diferente, eles usam um ponto na orelha, não tem que ficar revendo em um tablet e também não tem two minute warning.

Realmente, a revisão é diferente do que você vê na NFL, eles ficam com um ponto e escutam de um outro árbitro que fica numa cabine, sobre o lance que acabou de acontecer, até porque o tempo não para e isso atrasaria muito o jogo. Quanto ao two minute warning, o detalhe é o mesmo, o tempo não para.

Mas o two minute warning é tempo de ganhar dinheiro, é o tempo da TV exibir uns comerciais loucos, como que fica a tv minha gente?

Olha lá, parabéns, mas a TV fica de boa. Já tem propagando ao redor do gramado e no intervalo do jogo ela pode colocar o que quiser de comercial, tá ótimo já.

É uma pena, pois também é um bom tempo para buscar algo na geladeira ou ir no banheiro.

Tá certo dona onça, mas vamos para as considerações finais.

Certo, tô prontíssima.

A seleção brasileira decepcionou ou agradou? O resultado foi o que vocês esperava?

Super agradou! Apesar de não termos saído com a vitória no placar, vencemos pela esportividade, por mostrar ao nosso time que apesar da falta de incentivo, tem muita gente os acompanhando e torcendo. Foram mais de 34 mil pessoas ao estádio e foi muito lindo ver nosso povo comemorando junto! Só fiquei muito chateada, acho que muitas outras pessoas também, por termos perdido o Haka, sim, isso eu já sabia o que era. Uma grande falta de organização de quem estava cuidando do evento, filas, catracas quebradas, falta de lugar nos setores direcionados, muito problemas que deixaram muita gente pra fora durante a entrada das seleções em campo, os hinos e o Haka. Ainda sim, nada disso tirou a energia maravilhosa de todos que estavam ali, mesmo embaixo de chuva!

Boa! Falou bonito. Continuando. Assim como está ocorrendo com a NFL, acredita que o rugby tem potencial de crescimento no brasil?

Sem dúvidas! Já vemos amigos se encontrando durante semana e finais de semana para treinar, trocando ideia sobre o esporte, conversando com pessoas de outros lugares do mundo para conhecer mais o esporte. Isso é fantástico!

Legal, então pra fechar: você saiu contente do jogo?

Sim! de poder ter visto uma partida ao vivo, de conhecer uma seleção lenda, de estar perto da nossa seleção, de prestar atenção no jogo e de curtir esse momento com você e nossos amigos!

Com essa animação da Dona Onça, fechamos a entrevista. Fiquem ligados que ela voltará (e muito) nos posts do tailgate zone. A propósito caro amigo tailgater, se uma onça já é bom, imagine duas! Aguardem! (Favor ler esse aguardem com a voz do Sílvio Santos)

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