TZ Entrevista: Chefe da delegação brasileira de e-sports

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Uma discussão – não tão antiga assim – toma conta de locais específicos da internet. Seriam os e-sports esportes ‘de verdade’? Fato é, independente de sua opinião, esses têm ganhado cada vez mais espaço em meio as modalidades convencionais. Com participação nos Jogos Asiáticos e agora nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, os esportes eletrônicos já contam com evento próprio chancelado pelo Comitê Olímpico Internacional.

Pudemos conversar um pouco sobre o tema com Paulo Roberto Ribas, Presidente da Confederação Brasileira de Games e Esports e chefe da delegação brasileira de E-sports nos Jogos Pan-Americanos de 2023.

Afinal, e-sports são esportes?

Dificilmente encontraremos um consenso sobre o assunto nas discussões pela internet. Existem aqueles que defendem com unhas e dentes a inclusão do esporte eletrônico como, de fato, esporte – como há quem abomine que a ideia sequer seja cogitada. É inegável que o mercado de jogos cresce a cada ano que passa; com isso, o mercado competitivo também ganha mais espaço.

O debate foi incendiado no começo do ano quando Ana Moser, então ministra do esporte, afirmou que e-sports não são e não devem ser tratados como os esportes convencionais. Contudo, o novo encarregado do ministério, André Fufuca, expressou que reconhece o esporte eletrônico como esporte. Fufuca também manifestou interesse na criação de uma diretoria para a modalidade dentro do ministério.

Para Paulo Ribas, é apenas uma questão de tempo “Esses pronunciamentos do passado já estão na história. Porque com todas essas evidências, com todos esses depoimentos de autoridades do mundo, não há mais dúvida, vários países já reconheceram isso. O Brasil está no processo ainda, acho que deve acontecer em breve devido às declarações do próprio ministro”.

Um movimento impossível de se ignorar

Desde os remotos campeonatos de Counter-Strike nos anos 2000, o cenário competitivo de jogos eletrônicos cresce ano após ano. Para o brasileiro, o e-sport já é uma paixão há tempos. Seja em competições nacionais, como o CBLOL do League of Legends ou internacionais, como o Major do Counter-Strike. Sempre há fervor, heróis e vilões, como as grandes competições dos esportes convencionais.

Observando por um escopo mundial, os grandes eventos do esporte eletrônico tem tido enorme exito. Em 2021, no campeonato mundial de League of Legends, estima-se que a audiência tenha sido de cerca de 73 milhões de espectadores

Com a impossibilidade de fechar os olhos para um movimento crescente, em 2019 foi criada a CBGE, Confederação Brasileira de Games e Esports.”A CBGE é a confederação brasileira. Essa está ligada a federação internacional, que por sua vez está ligada ao movimento olímpico. Por isso estivemos nos Jogos Asiáticos e Europeus. Agora estamos nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, é um caminho que não tem volta”, disse Ribas.

O futuro dos jogos eletrônicos

O esporte eletrônico nos Jogos Pan-Americanos de Santiago

A edição de 2023 dos Jogos Pan-Americanos que acontece em Santiago já era histórica antes mesmo do seu começo. Pela primeira vez em 72 anos o evento terá esportes eletrônicos dentre as modalidades disputadas e valerá medalhas como as outras competições – apesar de não contarem no quadro geral.

Os títulos incluídos para disputa no evento foram eFootball e DOTA 2. Apesar de ambos terem renome no cenário internacional, esses contam com rivais mais populares atualmente, com EA FC liderando as vendas entre os simuladores de futebol e League of Legends fazendo frente ao DOTA como o MOBA (Multiplayer Online Battle Arena) mais jogado do mundo.

Questionado sobre a escolha dos games que fariam parte dos Jogos Pan-Americanos, Paulo Ribas informou ter feito parte do processo “A escolha passou muito pelo aval do publisher, então o DOTA 2 e eFootBall foram os escolhidos. Conversamos com a EA sobre o FIFA, com a RIOT sobre o League of Legends e tivemos uma aproximação da CAPCOM com o Street Fighter”.

Ainda na entrevista o presidente da CBGE esclareceu que todo o custeamento do evento tem sido feito pela federação internacional, por isso, optaram por menos modalidades.

Como podemos garantir a legitimidade das competições?

Os jogos digitais constantemente sofrem mudanças em seu balanceamento. Seja por determinada coisa estar muito forte ou fraca. Atualizações periódicas no jogo buscam o tornar cada vez mais equilibrado e justo. Ressaltando, as regras e o formato das partidas não mudam, apenas determinados aspectos do jogo, como o dano causado por certo equipamento.

Talvez uma das maiores ressalvas pelos fanáticos dos esportes olímpicos seja o não controle do COI acerca dessas atualizações periódicas. Contudo, vemos cada vez mais a inserção desses títulos a competições internacionais, o que por si só talvez seja a garantia de sua legitimidade. De acordo Paulo Ribas, existem diversas fases durante a negociação até que um jogo entre em uma competição.

Questionado sobre o rigoroso procedimento olímpico anti-doping, Paulo informou que todos os atletas passaram pelo mesmo treinamento das outras modalidades. Os ciberatletas ainda integrarão a Vila Olímpica e podem ser submetidos a quaisquer testes pelo comitê.

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