Artistas do esporte

A arte incomoda! Ela atrai, seja por prazer, curiosidade, amor e até ódio (queermuseu, onde está você, meu filho?). A arte é a manifestação da genialidade humana na música, literatura, pintura, dança e tantas outras formas.

Mas e o esporte? Esporte é arte? Pelé, Senna, Adhemar, Torben, Aída, Marta, Jaque Silva, Oscar (é isso mesmo, henriquetta? Essa é uma piada interna do tailgate. Um dia a gente conta) não foram artistas? Assumamos que sim! Então, quando a arte do esporte encontra a arte da música a coisa fica bem legal.

Artistas no esporte

Eddie Vedder e sua paixão pelos Cubs. Geddy Lee e seu assento cativo no Rogers Centre para acompanhar os Blue Jays. Quantos rappers pelas quadras da NBA: Cam’ron, 2 Chainz, Master P (ele chegou a jogar nos Raptors), Jay-Z, Drake (o cara é chato, mas é fanático também). São muitos!

Como não se lembrar de Snoop Dogg e seu “lance” com o futebol americano, com os Steelers especialmente. Seu filho, Cordell Broadus, jogava em UCLA até um tempinho atrás (ele largou o futebol para se dedicar ao mundo da moda). Snoop treinou um time na “Snoop Youth Football League”. Dá para saber mais lá na Netflix, “Coach Snoop”. Ou sobre a relação pai e filho no documentário produzido pela ESPN “Snoop & Son: a dad’s dream”.

Aliás, a idéia da liga do Snoop Dogg é sensacional. A “Snoop Youth Football League” (SYFL) é uma organização sem fins lucrativos que cria condições para que crianças de cidades do interior dos EUA possam jogar e torcer por um time de futebol americano. Meninos e meninas de 5 a 13 anos têm a oportunidade de aprender valores como o do trabalho em equipe, espírito esportivo, disciplina, respeito e a importância dos estudos.

A SYFL teve início em 2005 e 1300 crianças da área de Los Angeles participaram. Olha aí o esporte e a arte transformando realidades e melhorando a sociedade.

Up the irons

Mas talvez a maior interação música-esporte se dê entre o Iron Maiden e o futebol. Mais precisamente entre Maiden e West Ham (time de futebol da Premier League). Bem, quem já teve a felicidade de ir a um show do Maiden sabe que a platéia age como torcida e a banda como um time.

Nessa relação da banda com o futebol (todos os caras são aficionados, exceto Bruce Dickinson) ninguém é mais “viciado” que Steve Harris. O cara tem um adesivo do West Ham no seu baixo. Declarou ser torcedor do time desde os 9 anos. Por diversas vezes ele apareceu em público trajado com alguma camisa do clube.

Não bastasse todo esse fanatismo, Iron Maiden e West Ham lançaram, em 29/11/2019, a camisa “Die with your boots on” (em referência à música do álbum “Piece of mind”). A indumentária tem o nome da banda no lugar do que seria o patrocinador master. Como não poderia deixar de ser, os fanáticos pelo Iron e pelo time zeraram os estoques da camisa em menos de 10h.

O Maiden tem uma música (Weekend Warriors) sobre os hooligans. A letra fala de pessoas que levam vidas comuns no dia a dia, mas que nos fins de semana se transformam em valentões que só pensam em arrumar confusão com os torcedores adversários dentro dos estádios até que na segunda-feira tudo volta à modorrenta rotina.

Arte incômoda

Outro cara que usa sua arte para gerar bastante incômodo e fazer muita gente torcer o nariz (isso sim é arte da boa) é o veterano artista de rua inglês Bansky. Ele faz do estêncil uma forma de crítica contra violência e de expressão política. Suas obras são facilmente encontradas por Bristol, Londres e diversas cidades pelo mundo.

A arte transforma

A cultura esportiva proporciona o contato com todos aqueles valores, e outros também, da “SYFL”. A arte, por sua vez, explicita esses valores e sentimentos usando a sensibilidade e a subjetividade do artista a fim de criar reflexão sobre a vida. Porque se divertir é muito bom, mas a gente só é capaz de entender e mudar a nossa e a vida dos outros quando, definitivamente, entendemos quem somos e onde estamos. A arte e o esporte contribuem para essa transformação.