Hall da Fama: Joe DiMaggio

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Este texto sobre Joe DiMaggio faz parte da série ‘Hall da Fama’ em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.

Joe DiMaggio é um ícone cultural! Mas mais do que isso: ele é um herói estadunidense!

Ele foi casado com as estrelas de Hollywood Marilyn Monroe e Dorothy Arnold. Além disso, ficou imortalizado na música de Paul Simon, Mrs. Robinson. Durante muitos anos seu rosto esteve ligado à marca Mister Coffee. Mas DiMaggio foi, de verdade, um dos maiores jogadores que o baseball já conheceu.

Nascido em Martinez, Califórnia, em 25 de novembro de 1914, Joseph Paul DiMaggio não concluiu os estudos na Galileo High School. Ele, no entanto, foi introduzido no San Francisco Seals, time semiprofissional da Pacific Coast League (PCL). O time precisava de um shortstop e Vince DiMaggio, irmão de Joe, pediu ao manager do time que lhe desse uma chance.

Joe DiMaggio estreou em 1º de outubro de 1932. Mas em 1933, entre 27 de maio e 25 julho, Joe chegou em base por rebatida 61 vezes consecutivas, estabelecendo o recorde da PCL. Além disso, esse foi o segundo recorde mais longo da história das minor leagues. Essa sequência de rebatidas foi responsável por colocar Joe de vez no baseball. Ele mesmo assumiu,

“O baseball só entrou no meu sangue quando consegui aquela sequência de rebatidas. Renovar a dose diária tornou-se mais importante para mim do que comer, beber ou dormir”.

Joe DiMaggio vinha sendo observado pelos Yankees na temporada 1934. Embora tenha sofrido uma grave lesão no joelho, o scout do time de Nova York, Bill Essick, acreditava que Joe se recuperaria e pediu que o time mantivesse a atenção nele.

A vida nos Yankees

Em 1935, recuperado da lesão no joelho, Joe DiMaggio teve seu contrato comprado pelos Yankees por US$ 50.000. Mas ele ainda permaneceu jogando no Seals. Nessa temporada ele rebateu para .398, com 154 corridas impulsionadas e 34 home runs. Esse desempenho garantiu o título da PCL para o San Francisco Seals e o prêmio de MVP para DiMaggio.

A temporada de 1936 chega e com ela DiMaggio começa sua história definitiva com o New York Yankees. Seu poderoso jogo ofensivo o coloca à frente de Lou Gehrig no lineup do time do Bronx. E os Yankees que não venciam uma World Series desde 1932, conquistaram quatro consecutivamente desde a chegada de Joe. Ao fim de sua jornada com os Bronx Bombers Joe DiMaggio venceria nove Séries Mundiais ficando atrás, em títulos, apenas de Yogi Berra (10).

Mas ainda sobre 1936, DiMaggio estabeleceu o recorde de home runs dos Yankees. Foram 29 e esse recorde permaneceu por 80 anos até Aaron Judge mandar 52 bolinhas para o outro lado do muro na temporada 2017.

Phill Rizzutto, companheiro de DiMaggio nos Yankees e membro do Hall da Fama, lembra

“Havia uma aura sobre ele. Ele fazia as coisas tão facilmente. Ele era imaculado em tudo o que fazia. Grandes celebridades queriam conhecê-lo e estar com ele. Joe se portava tão bem. Ele caberia em qualquer lugar do mundo”.

DiMaggio era o clássico five-tool player. Além de rebater para média e força, ele corria muito, arremessava com precisão e defendia com segurança. Quantos jogadores com apenas 21 anos e chegando para substituir ninguém menos que Babe Ruth teriam dado o que Joe deu aos Yankees de forma tão imediata?

A sequência de rebatidas

Uma marca superimportante alcançada por DiMaggio em sua carreira foi a sequência de 56 jogos consecutivos com rebatidas. Ela teve início em 15 de maio de 1941 no jogo contra o Chicago White Sox, que tinha Eddie Smith no montinho.

Joe DiMaggio
DiMaggio: icônico.
Fonte: Britannica

Embora a imprensa tenha dado destaque para a sequência logo em seu início, foi quando Joe chegava perto da então maior marca – George Sisler, com 41 jogos rebatendo consecutivamente – que a história se tornou um fenômeno nacional.

Entretanto, no início, o próprio DiMaggio dava pouca importância para o feito em construção. Ele chegou a dizer,

“Não estou pensando muito nisso… se vou ou não quebrar esse recorde”.

Mas à medida que Joe chegava mais perto do recorde de Sisler, ele foi se interessando mais pela história. E até seu discurso mudou.

“No início não pensei muito sobre isso. Mas naturalmente gostaria de conseguir o recorde, já que estou tão perto”.

E foi em 29 de junho de 1941, numa doubleheader contra o Washington Senators, no Griffith Stadium, que Joe DiMaggio quebrou a marca de Sisler. Uma dupla na primeira partida foi a 42ª consecutiva em que Joe conseguia uma rebatida. Mas ainda faltava bater o recorde de todos os tempos: os 44 jogos consecutivos rebatendo de Wee Willie Keeler, de 1897.

Marca quebrada contra Boston

Um Yankee Stadium com mais de 52.000 torcedores viu Joe igualar o recorde de Keeler. Mas os deuses do baseball não poderiam ter reservado um jogo mais especial para que a marca fosse quebrada. Numa partida contra o Boston Red Sox, arquirrival dos Yankees, Joe DiMaggio chegou a 45 jogos consecutivos com rebatidas. E essa foi uma bem especial: um home run.

Durante esses 45 jogos DiMaggio conseguiu 67 rebatidas em 149 at-bats. A sequência chegou a 50 jogos contra o St. Louis Browns, em 11 de julho de 1941. Mas em 17 de julho a sequência terminaria numa partida contra Cleveland muito graças a defesas fundamentais feitas pelo terceira base do time, Ken Keltner. Durante os 56 jogos consecutivos com rebatidas Joe DiMaggio teve médias de .408, com 15 home runs e 55 corridas impulsionadas.

Muitos consideram a sequência de DiMaggio um recorde excepcional e quase impossível de ser quebrado. O grande físico e vencedor do Prêmio Nobel Edward Mills Purcell chegou a calcular que para se chegar a 50% de chances de se alcançar 50 jogos rebatendo consecutivamente seriam necessários 52 jogadores rebatendo a .350 durante toda a carreira. Mas somente três atletas alcançaram essa marca: Ty Cobb, Rogers Hornsby e Shoeless Joe Jackson.

Stephen Jay Gould, colega de Purcell em Harvard, chegou a afirmar que o recorde de Joe DiMaggio seria “a coisa mais extraordinária que já aconteceu nos esportes americanos”.

A vida com as estrelas

Não à toa Joe DiMaggio foi colocado como ícone da cultura pop. Seu casamento com duas estrelas de Hollywood confirmam essa classificação. Joe foi casado com a atriz Dorothy Arnold. Em 1937, eles se conheceram durante a gravação do filme “Astros em folia” (Manhattan Merry-Go-Round), em que DiMaggio teve uma pequena participação. Já em abril de 1939 anunciaram o compromisso e em novembro do mesmo ano se casaram em San Francisco. O casal teve um filho, Joseph Paul DiMaggio Jr. Mas logo em 1944 o relacionamento terminou.

No entanto, o que alçou DiMaggio ao mundo das celebridades foi seu relacionamento com Marilyn Monroe. Eles se conheceram em 1954, quando DiMaggio já havia se aposentado. No entanto, no início Marilyn não queria conhecer Joe temendo que ele fosse o estereotípico atleta arrogante.

Marilyn Monroe em O Pecado  Mora ao Lado
Marilyn e o vestido.
Fonte: Pipoca moderna

Mas apesar do temor de Marilyn os dois se casaram em 1954. A relação foi turbulenta desde o início. DiMaggio era excessivamente ciumento e controlador. E a possessividade de Joe ficou evidente numa briga violenta que os dois tiveram por conta da antológica “cena do vestido esvoaçante” no filme “O pecado mora ao lado” (The seven year itch).

O desentendimento teve como consequência a separação, nove meses depois do casamento. Idas e vinda aconteceram entre 1956 e 1957. Mas em 1961 DiMaggio faria parte da vida de Marilyn Monroe novamente, logo depois que ela e Arthur Miller se separaram. Embora nunca tenham assumido um novo relacionamento os dois estiveram muito próximos até a morte de Marilyn, em 5 de agosto de 1962.

Aposentadoria e Hall da Fama

Voltemos ao Joe DiMaggio jogador de baseball. Ao fim de sua carreira, em 1951, Joe havia participado de 13 All-Star Games e vencido nove World Series. Além disso, DiMaggio foi três vezes MVP da American League (AL), liderou a AL por duas vezes como melhor rebatedor, em número de home runs e em corridas impulsionadas.

Sua camisa #5 está, merecida e logicamente, retirada pelo New York Yankees. Seu sucessor no campo central dos Yankees, Mickey Mantle, descreveu como ele via Joe DiMaggio,

“Os heróis são pessoas boas; não há nada de ruim nelas. É assim que sempre vi Joe DiMaggio. Ele foi, sem dúvida, um dos maiores jogadores do século XX”.

Em 1955 Joe foi eleito para o Hall da Fama. Em 8 de março de 1999 ele deixou a vida para, definitivamente, ser parte da história.

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