Haverá NBA após o COVID-19?

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Infelizmente a COVID-19 (Corona Virus Disease 2019), a doença causada pelo novo corona vírus, chegou, e com ela ficamos órfãos de esportes. Embora pouquíssimas ligas ainda permaneçam – o beisebol sul coreano, o futebol em Burundi, Nicarágua, Belarus e Tadjiquistão – nossas queridas ligas americanas estão paralisadas, e sem perspectiva de voltar rapidamente.

Tal qual o torcedor do Liverpool, o torcedor dos Clippers parece não ter sorte. No ano que seu time vinha como um dos favoritos para o título, a NBA está parada, bem antes dos playoffs que prometiam muito. Só que ainda não temos uma perspectiva de quando ela voltará, e a pergunta que fica é: haverá NBA após o COVID-19?

Uma breve linha do tempo

Reuters / Alonzo Adams

11 de março: o pivô francês do Utah Jazz, Rudy Gobert, é diagnosticado como o primeiro jogador da NBA a contrair o novo corona vírus. No mesmo dia a temporada da liga é suspensa.

12 de março: o comissário-geral da liga, Adam Silver, confirma que a liga permanecerá suspensa por pelo menos 30 dias, em prol da segurança dos atletas. No mesmo dia, todas os programas da primeira divisão da NCAA cancelam seus torneios, o que, consequentemente, cancela o March Madness de 2020.

3 de abril: a WNBA decide adiar suas atividades de training camp e o início da temporada para 15 de maio. Além disso, é decidido que o draft será realizado de forma virtual entre as equipes, mas será transmitido pela TV.

6 de abril: Adam Silver, em entrevista à TNT, diz que nenhuma ação sobre o reinício da temporada será tomada até o dia 1º de maio. 

O panorama nos EUA

Não é possível falar de retorno às quadras, enquanto a situação não estiver controlada no país. E infelizmente, a epidemia parece estar longe de acabar em território estadunidense – na verdade, está cada vez mais alarmante. Nesta semana, no dia 07, os EUA registraram 1.939 mortes no mesmo dia, devido à COVID-19.

Este é o maior número registrado de mortos em um dia pela pandemia, e mesmo assim, não parece que este número irá diminuir. Já podemos dizer que o país é o novo epicentro da doença, após ultrapassar os números de casos da China, Itália e Espanha.

E dentro dos EUA, o país possui um epicentro também: os estados de Nova Iorque e Nova Jérsei. É de se esperar com esta doença que as áreas mais afetadas sejam realmente aquelas com a maior concentração de gente. Só que o número de casos subiu drasticamente da noite pro dia, e continuam numa crescente.

Getty Images / Alex Wong

Além do aumento no número de casos, um fato que aconteceu que mostra a preocupação dos EUA com a epidemia é o presidente Trump ter invocado a Lei de Produção de Defesa. Com isso, ele conseguiu “obrigar” que montadoras de veículos fabriquem respiradores para auxiliar pacientes nos hospitais.

Este tipo de lei remonta à tempos de guerra, no qual a produção de um material, seja bélico ou não, se torna preferência diante das circunstâncias vividas na época. Os EUA também têm se envolvido em impasses diplomáticos referentes à equipamentos que ficaram retidos nos EUA.

Alguns países como França, Rússia e até mesmo o Brasil têm reclamado que produtos comprados por eles foram retidos e repassados ao governo dos EUA, de forma até mesmo ilegal. Outros equipamentos foram compras canceladas, ou cláusulas contratuais pagas para adquirir o produto que era destinado a esses países.

De toda forma, legal ou não, a fala de Trump querendo dizer que não quer outros países usando as máscaras e equipamentos deles, mostra como a situação ainda é muito preocupante.

Haverá NBA após o Covid-19?

A resposta ainda é incerta, mas a cada dia fica mais difícil acreditar que a temporada será retomada em breve. Na verdade, é bem mais provável que o restante da temporada 2019/2020 seja cancelada. Os representantes da liga têm se reunido para discutir formas de rearranjo da liga.

Até alguns atletas, como Meyers Leonard, quer apenas 5 jogos e em seguida playoffs, caso a temporada volte. Contudo, com a falta de capacidade de testar todos os jogadores, os problemas causados por quarentenar jogadores e até mesmo a integridade da próxima temporada são pontos que contribuem para o cancelamento desta temporada.

A NBA tem negociado com o sindicato dos jogadores formas de encerramento da temporada, de modo que o prejuízo financeiro não seja substancial em apenas um dos lados. Adiar a temporada até agosto faria com que a outra temporada seguinte só começasse depois de dezembro.

Isso faria com que a próximo ano tivesse menos jogos, ou menor intervalo de tempo entre eles, o que prejudica o jogo tecnicamente, e financeiramente também – lembre-se que a NBA fatura na casa dos bilhões. Sendo assim, é quase certo que a temporada de 2019/2020 seja cancelada nos próximos dias; e que a próxima temporada comece apenas em dezembro, quando deve estar mais seguro para que ela ocorra.

Um cenário que vários países estão aceitando é que, enquanto não houver uma vacina ou remédio contra a doença, haverá ondas de contágio. Logo, ao fim dessa primeira onda, alguns países como Coréia do Sul já estão se preparando para a segunda.

O que provavelmente acontecerá, é uma alternância de períodos de isolamento físico e de abertura para a volta normal da vida. Até por razões de que ninguém consegue ficar de quarentena por um ano inteiro. Então, mesmo se não for finalizada a temporada atual, é importante que a NBA já se prepare para eventuais quarentenas no futuro.

Mas e os contratos?

Aqui eu pretendo ser breve mesmo: eu não sei e aparentemente ninguém no mundo dos esportes sabe. Isto será abordado à parte nas próximas colunas, assim que eu tiver alguma atualização de modelos sugeridos ou adotados. São dois os pontos principais.

O primeiro é o pagamento dos atletas, já que os clubes não estão arrecadando. Alguns modelos têm sido propostos, como Chiellini da Juventus fez, mas ainda não há um consenso de modelo internacional, nem grandes ideias além do auxílio das federações nacionais e internacionais.

O segundo ponto, e na NBA é importante, é a duração dos contratos. Os contratos tem um prazo para acabar, uma data limite. Com o adiamento de jogos, vamos supor, para julho ou agosto, muitos contratos estarão expirados. E fazer com que eles sejam estendidos para o fim da temporada não parece ser algo fácil, prometendo ser uma batalha jurídica muito forte.

Recado para vocês

Essa parte final do texto não se relaciona com o tema em si do esporte, mas é uma dica: fique em casa para diminuir o contágio e fique bem. Tente não se cobrar por não ser produtivo, e fuja do turbilhão de notícias, sobretudo aquelas sensacionalistas. Consuma apenas o necessário para se informar, mas que não te dê uma crise de ansiedade.

Porque a NBA é importante, e como a gente queria estar vendo um jogo agora. Só que mais importante que isso é a sua saúde e seu bem estar. Minha dica é ver algum filme mais tranquilo. Então aproveita que a Netflix colocou todos os filmes do Studio Ghibli no seu catálogo e corre pra ver essas produções fantásticas.

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