Yago carrega o Brasil e agora pensamos no Canadá

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Na manhã dessa quarta-feira (30), Brasil e Costa do Marfim se encontraram pela 2ª vez na história da Copa do Mundo de Basquete. A primeira, em 1982, o Brasil levou a melhor por 102 a 79. Mas para a seleção brasileira, mais importante que o retrospecto contra a Costa do Marfim, é o retrospecto com seleções africanas na copa do mundo. Foram 6 vitórias nos últimos 7 jogos.

Neste sentido, na rodada anterior, as duas seleções tiveram caminhos opostos. Enquanto o Brasil perdeu para a Espanha por 96 a 78, a Costa do Marfim teve um jogo duro (e feio) contra o Irã, mas venceu por 71 a 69. O destaque marfinense foi Maxence Dadiet, ala-armador que joga na França, que anotou 10 pontos, 4 rebotes e 3 assistência. O cestinha foi Nisre Zouzoua (17 pontos), ala-armador que também joga na França. As duas seleções chegaram pro jogo com 1 vitória e 1 derrota, precisando da vitória para garantir a classificação na próxima fase do mundial.

Aqui vale lembrar como funciona o formato da competição: os dois melhores colocados de cada grupo avançam para a segunda fase que seguirá no formado de grupo. Ou seja, o vencedor de hoje junta-se a Espanha e os dois melhores do Grupo H, Canadá e Letônia. Nesse grupo os times jogam 2 jogos contra os rivais do outro grupo. Por fim, os dois melhores do grupo vão às quartas de final.

Primeiro tempo

Sem surpresas, o Brasil começou o jogo com a mesma formação que a do jogo da Espanha. Logo nos primeiros minutos vimos a seleção brasileira nervosa e a Costa do Marfim fechando muito bem o garrafão, marcando o Brasil com intensidade. Bruno Caboclo foi o alvo da marcação marfinense, e nosso ala conseguiu apenas 3 pontos no primeiro quarto. A seleção brasileira parecia não ter saído do último quarto contra a Espanha. Rodou pouco a bola e cometeu os fatídicos turnovers. Mas pelo menos as bolas de 3 da seleção voltaram a cair.

Por sorte a Costa do Marfim também errou, mas venceu o primeiro quarto só por dois pontos de diferença, 25 a 23. No intervalo, Gustavo de Conti, técnico brasileiro, dava instruções visivelmente irritado, cobrando mais energia e concentração do time. Começamos o segundo quarto melhorando um pouco a marcação e contamos com Yago muito quente na linha de 3. O armador brasileiro terminou o primeiro tempo com 19 pontos, 5 de 5 da linha de 3 e aproveitando espaços da forte marcação em cima do Bruno Caboclo.

Ganhamos o segundo quarto e fechamos o primeiro tempo na frente, 50 a 46. A seleção parece sentir falta de uma rotação mais sólida; falta uma profundidade no elenco. Isso passou a ser mais percebido por conta de um problema que também tivemos contra a Espanha – o alto número de faltas. Georginho acumulou 3 faltas muito cedo e Marcelinho Huertas, quando entrava, não conseguia fazer o time girar. Além de Yago, outro jogador importante do primeiro tempo brasileiro foi Léo Meindl, muito consistente na defesa e importante nos rebotes.

Segundo tempo

A seleção brasileira volta para o segundo tempo com Gui Santos junto dos titulares, no lugar de Georginho (que tem 3 faltas). Logo no primeiro lance já vem preocupação – Bruno Caboclo também chega a 3 faltas. De qualquer forma, Tim Soares mete 2 bolas de 3 e Gui Santos passa a ser uma peça importante na defesa. O ala brasileiro deixa a vida dos marfinenses mais difícil, forçando o 1×1 e contestando arremessos. Mas a vida do brasileiro não tem um minuto de paz e logo quando chegamos a 13 pontos de diferença, Yago sai de quadra machucado. O armador brasileiro sentiu o joelho direito e aparentemente sozinho, sem nenhum contato.

Junto com a saída de Yago o Brasil parece perder a cabeça novamente. A seleção tinha encontrado o seu jogo, rodando mais a bola, muitos passes e encontrando espaços na dura defesa da Costa do Marfim. Felizmente com a boa vantagem, ainda conseguimos terminar na frente o terceiro quarto e ainda vimos Yago voltar para o último quarto. Mesmo assim, a quentura da seleção simplesmente esfriou. Conseguíamos rodar bem a bola, tínhamos velocidade no ataque, mas faltava objetividade e pontaria. Travamos no placar.

Ao menos a nossa defesa nos deixou no jogo. No entanto, nos últimos 5 minutos as faltas começaram a nos complicar completamente e parecia que o jogo pendia para o lado da Costa do Marfim. Tim Soares cometeu 2 faltas seguidas, chegou a 5 faltas e saiu do jogo. Léo Meindl que entrou para substituí-lo, chegou na quinta falta instantes depois e também saiu do jogo. Com a saída dos 2 começamos a perder muito nos rebotes, mas a nossa defesa seguia bem postada, impedindo que a diferença no placar diminuísse. Então, Georginho e Yago acertaram dois belos arremessos de 3 pontos.

Yago, nosso ‘gigante’

Após esses pontos começamos a respirar. A vitória por 89 a 77 veio no suor e no talento daquele que talvez seja o melhor nome brasileiro em alguns anos. Partidaça de Yago com 24 pontos e 12 assistências e vaga garantida para o Brasil! Seguimos tendo os mesmos erros dos últimos jogos, mas contamos com um adversário menos técnico e com uma defesa que se ajustou durante ao jogo, para dar sobrevida ao nosso ataque. Agora enfrentaremos a seleção que provavelmente faz a campanha mais vistosa até aqui, o Canadá: Sexta-feira às 10:30 jogaremos para seguir sonhando com a volta ao pódio e quem sabe, o mais importante, a vaga nos jogos olímpicos de Paris.

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