Hall da Fama: Willie Mays

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Este texto sobre Willie Mays faz parte da série “Hall da Fama” em que contamos a história de alguns de seus membros. Toda terça-feira uma estrela será apresentada.

Para falar de Willie Mays vamos começar com o que Leo Durocher, manager do New York Giants de 1948 a 1955, disse sobre ele,

“Se alguém rebatesse para .450, roubasse 100 bases e fosse um excepcional defensor todos os dias, ainda assim eu olharia nos seus olhos e diria que Willie Mays era melhor”.

Para muitos Willie Mays rivaliza com Babe Ruth quando o assunto é definir o melhor jogador de baseball de todos os tempos. Mas toda história tem um começo. E a de Willie Howard Mays Jr começa em 6 de maio de 1931, na cidade de Westfield (Alabama) onde ele nasceu. Sua relação com o baseball começou muito cedo, já que seu pai e avô foram jogadores amadores. No entanto, para um jovem negro, durante parte dos anos 1940 nos EUA, jogar na MLB era proibido. A famigerada segregação racial marginalizou talentos, quando não os perdeu por completo.

Willie Mays.
O apanhador no campo de baseball.
Fonte: KUNR

Assim como muitos outros excelentes jogadores negros, para Mays restou mostrar seu talento nas Negro Leagues. Embora a barreira racial na MLB tenha caído em 1947, quando o Brooklyn Dodgers assinou contrato com Jackie Robinson, Willie Mays atuou nas Ligas Negras de 1948 a 1950.

Negro Leagues

A segregação no baseball começa, oficialmente, ao fim da temporada de 1867, quando a Associação Nacional de Jogadores de Baseball votou pela exclusão de qualquer time que tivesse um jogador negro no elenco. Logo depois, em 1887, essa segregação se estendeu para os times de minors. Foi, então, que as equipes com jogadores negros ficaram relegadas ao amadorismo ou, no máximo, ao semiprofissionalismo. Um time em especial, o Cuban Giants, chamava a atenção dos amantes do baseball e foi o pioneiro na criação das Negro Leagues.

Foi então que uma concentração de enormes estrelas do baseball negro passou a ter vida novamente no esporte. As Negro Leagues eram formadas por times e jogadores profissionais. Hank Aaron, Ernie Banks, Jackie Robinson, Satchel Paige foram alguns dos grandes nomes do baseball negro que depois também fizeram sucesso na MLB, após a quebra das barreiras raciais.

Junta-se a essa constelação o nome de Willie Mays, que aos 16 anos, em 1948, atuava pelo Chattanooga Choo-Choos, um time de minors das Ligas Negras. Ainda em 1948 Mays se juntou ao Birmingham Black Barons. Por conta de um imbróglio trabalhista, Willie Mays somente poderia jogar pelos Black Barons nos jogos em casa. Enquanto isso, Mays seguia como estrela do time de futebol americano no Ensino Médio.

Mesmo fazendo apenas os jogos como mandante, Willie Mays contribuiu para que o Birmingham chegasse à Negro World Series. Embora o time tenha perdido a série para o Homestead Grays por 4-1, Mays se destacou, nem tanto pelo ataque, rebatendo a .262, mas fundamentalmente pelo que ele era capaz de fazer defensivamente.

MLB e II Guerra

De tão talentoso Willie Mays atraiu a atenção de diversos times da MLB. Mas Willie precisava concluir os estudos no ensino médio para que algum time pudesse assinar com ele. Conquanto Boston Braves e Brooklyn Dodgers tivessem colocado os olhos em Willie Mays, apenas o New York Giants ofereceu a ele um contrato efetivamente.

Com um contrato de US$ 4.000 nas mãos, Mays passou a temporada de 1950 no Trenton Giants, time de Class B da franquia de Nova York. A média de .353 alcançada durante sua permanência com o Trenton colocou Mays no AAA, no Minneapolis Millers, em 1951. A ascensão para a MLB não tardaria. Sobretudo depois de sustentar uma média de .477 em 35 jogos. Além disso, sua capacidade defensiva atuando como center field chamava ainda mais atenção. Foi assim que, em 24 de maio de 1951, Willie Mays fez seu debute na Major League Baseball pelo New York Giants.

Embora tenha tido um começo instável, Mays foi pegando confiança e ganhou o prêmio de Rookie of the Year da National League (NL), ajudando os Giants a retirar uma desvantagem de 13 jogos para empatar com os Dodgers no final da temporada regular de 1951. O New York Giants venceria a série desempate e jogaria a World Series daquela temporada contra o New York Yankees. O título ficaria nas mãos do time do Bronx.

Boa parte das temporadas de 1952 e 1953 Mays gastaria servindo ao exército estadunidense na II Guerra Mundial. Mas a temporada de 1954 veria Willie Mays em seu máximo esplendor. Nessa temporada ele venceria seu único título de World Series. Além disso, ele seria escolhido o MVP da NL, faria seu primeiro, de 24, All-Star Game e seria o melhor rebatedor da Liga Nacional, com .345 de média no bastão.

World Series e um novo manager

Depois de vencer a NL novamente sobre o Brooklyn Dodgers, os Giants decidiram a World Series contra o Cleveland Indians, campeão da American League (AL). Embora os Indians tivessem feito uma temporada regular de mais de 110 vitórias, a Série Mundial foi vencida categoricamente pelos Giants. Uma varrida irrefreável, com Mays rebatendo para .286, quatro corridas anotadas e três impulsionadas.

Mas o que marcou de fato essa série foi a jogada defensiva realizada por Mays, durante o jogo 1, que ficou conhecida como “The Catch”. Vic Wertz, primeira-base dos Indians, conseguiu uma longa rebatida para o campo externo central. Willie Mays, correndo de frente para o muro conseguiu fazer a defesa sem ter acompanhado boa parte da viagem da bolinha. A espetacular defesa evitou com que Cleveland anotasse, pelo menos, duas corridas. O jornalista Allen Barra afirmou, à época, que “The Catch transcende ao baseball”.

No entanto, depois de tantos bons ventos, as temporadas de 1956 e 1957 seriam difíceis para Mays. Ao fim de 1955, Leo Durocher, então manager dos Giants, deixou a gestão do time. Para seu lugar foi contratado Bill Rigney, que fazia críticas públicas a Willie Mays. Além disso, Rigney multou Willie em US$ 100,00 por não ter feito a cobertura de um popout para a primeira base.

Ainda assim, Willie rebateu 36 home runs em 1956 além de roubar 40 bases, se tornando apenas o segundo jogador a se juntar ao clube dos 30-30 (pelo menos 30 HRs e 30 roubos de base), até então formado por Ken Williams (39-37).

Luva de Ouro e uma mudança

Em 1957 Willie Mays conquistaria sua primeira de Luva de Ouro. O prêmio Gold Glove fora criado nessa temporada e Mays o monopolizaria por 12 temporadas consecutivas. Nessa temporada, Willie se juntaria a outro clube. Com 26 rebatidas duplas, 20 triplas e 35 home runs, ele seria o quarto jogador na história a entrar para o 20-20-20. Além disso, Mays roubou 38 bases nessa temporada se tornando o segundo jogador desse clube a ter pelo menos 20 bases roubadas.

Ao fim de 1957 dois times de Nova York se mudariam para o outro lado dos Estados Unidos. New York Giants e Brooklyn Dodgers assumiriam outras casas e passariam a se chamar San Francisco Giants e Los Angeles Dodgers, respectivamente, a partir da temporada 1958. A rivalidade agora respiraria os ares da Califórnia.

Em San Francisco, já acertado com Rigney, Mays ambicionava alcançar o recorde de 60 home runs em uma única temporada, de Babe Ruth, em 1927. Mas Willie não conseguiria chegar a essa marca. Em 1965, com 52 home runs, foi o mais próximo que Willie Mays chegou.

Mas se a marca de home runs não foi batida, a rivalidade com os Dodgers esquentava. E a temperatura aumentou ainda mais na briga pelo título da NL de 1962. Novamente a disputa foi para uma série desempate entre as duas franquias. A melhor de três foi novamente vencida pelos Giants, que perderiam a World Series para os New York Yankees mais uma vez. Anos mais tarde se saberia que os Giants tinham um esquema de roubo de sinais que funcionou durante toda a temporada.

Ainda em San Francisco

Em 1963 Willie Mays assinou aquele que seria o maior contrato da história da MLB: US$ 105.000 por temporada. Ele teria um ano de .314, 38 home runs e 103 corridas impulsionadas. Mas os roubos de base não foram tão abundantes. Na verdade, foram apenas oito, o menor número em sua carreira.

Ainda em San Francisco, em 1965, Mays receberia seu segundo prêmio de MVP da NL. Foram 52 home runs, uma média de .317 e 112 RBIs. A temporada de 1966 terminaria com Willie Mays acumulando 542 home runs na carreira. Apenas Babe Ruth era maior: 714.

Em 1970 a revista Sporting News elegeu Mays o jogador da década de 1960. As temporadas de 1971 e 1972 foram as últimas de Willie com os Giants. E foram também as menos empolgantes. Ele caminhava já para o ocaso de sua carreira. Ainda em 1972 ele voltaria para Nova York para defender os Mets, time pelo qual se aposentaria em 1973. Pelo time do Queens ele faria, também, sua última aparição em World Series. A série vencida pelo Oakland A’s, em sete jogos, teria Willie rebatendo com boa média (.286), mas sendo pouco relevante.

Willie Mays encerraria sua carreira com números finais incríveis: média de .302; 3.283 rebatidas; 660 home runs; 1.903 corridas impulsionadas e 338 bases roubadas.

Hall da Fama

Uma carreira dessa proporção só poderia ter como um dos resultados a indicação de Willie Mays para o Hall da Fama do Baseball em 1979. Ele também teria sua camisa #24 retirada pelos Giants. Além disso, Mays está no San Francisco Giants Wall of Fame.

Willie Mays aos 90 anos.
Say Hey Kid.
Fonte: The Desert Sun

Willie integra o MLB All-Century Team e o MLB All-Time Team.

Aos 90 anos Willie Mays segue como uma estrela vivamente brilhante do baseball. Ted Williams, histórico left fielder dos Red Sox foi preciso quando disse,

“Eles inventaram o All-Star Game para Willie Mays”.

Willie Mays: uma Estrela!

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